quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Plano de Estabilidade e Crescimento

Mas que estabilidade, que crescimento?

Quando havia alguma estabilidade e a possibilidade de algum crescimento, foi um esbanjar de recursos, naquilo que se chama de um «bodo aos pobres», mas acho que foi mais aos ricos, devido ao conhecimento e às redes de contacto que estabelecem a todos os níveis, quer sociais quer políticos. O que lhes permitiu que se atirassem, qual alcateia esfaimada, aos fundos que inundavam o país no início da adesão à Comunidade Europeia. Muita coisa foi feita, e há que o reconhecer, foram estradas, auto estradas, saneamento básico, escolas, hospitais, foi a Expo 98, o Centro Cultural de Belém, a nova ponte sobre o Rio Tejo, a Casa da Música, a Barragem do Alqueva para irrigar o Alentejo, mas ao que parece os campos de golfe e os empreendimentos turísticos são bem mais rentáveis e dão menos trabalho. Os estádios para o Europeu de Futebol, de má memória, e que hoje estão quase sempre vazios e a acumular milhões de euros de prejuízo.

A nossa banca entra em cena, e apoiada numa publicidade feita no embuste e aproveitando a ingenuidade de muita gente, concede empréstimos e juros absolutamente lunáticos, e depois aprecem os BPN, os BPP, que abriram autênticos abismos na economia nacional, e os seus directores livres qual borboleta num verdejante e florido prado! E o negócio dos submarinos? São necessários devido à imensidão da área das nossas fronteiras marítimas, mas daí envolver números astronómicos, ao ponto de ser possível dar milhões de euros em luvas, que possivelmente dariam para comprar outro submarino, e nunca se apurarem responsabilidades, "dá pano para mangas"!

Abrem-se e equipam-se hospitais que passado pouco tempo são encerrados, deixando as populações em estado de choque. E com as estradas? Por falta de coordenação asfaltam-se hoje e passado pouco tempo já estão a ser de novo desventradas custando milhões ao erário público e o esfregar as mãos de contente aos empreiteiros.

Neste velhinho país com novecentos anos de uma inebriante história, sempre existiu uma chocante falta de grandes governantes. São raras as excepções: Marquês de Pombal, pela tremenda capacidade de trabalho e pulso forte, quando da reconstrução da cidade de Lisboa depois do terramoto de 1785, a famosa e bela baixa Pombalina; Afonso de Albuquerque como Vice Rei da Índia, de onde vinham as especiarias, e Fontes Pereira de Melo pelo impulso que deu ao país com a inauguração dos Caminhos-de-ferro.
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Mas será que não há mesmo neste país grandes administradores? É claro que os há, só que têm mais que fazer do que se meter na política, casos da Sonae, Amorim, António Champalimou que até foi expulso do seu próprio país, dando depois uma grande lição de vida e de portuguesismo quando doou grande parte da sua colossal fortuna criando, através de testamento, uma fundação para a investigação científica conceituada e reconhecida pela comunidade científica mundial e que também aplica os conhecimentos e verbas em terapias e reabilitação em países carenciados em vias de desenvolvimento no campo da oftalmologia, como é o caso da Índia. Em 5 de Outubro foi inaugurado o Centro de Investigação do Desconhecido, inicialmente com três áreas contempladas, a Oncologia, Neurologia e Oftalmologia.

E agora? Bem, agora, estão muitos países no mesmo barco, não serve de consolo, mas ao menos não somos só nós. Quem diria, a poderosa Alemanha, a Inglaterra, a França, a vizinha Espanha, não esquecendo os Estados Unidos que foram a fonte de todo este turbilhão, vergados ao poderio dos «senhores» do dinheiro.
O tempo do consumismo desenfreado acabou, vêm aí muitas dificuldades, principalmente para quem estava habituado a gastar sem fazer contas. As principais vítimas desta situação são sempre as mesmas, ou seja, os mais desfavorecidos, os doentes, os idosos, os pensionistas, a saúde, o ensino, e até a segurança das pessoas e bens.

Após este Plano de Estabilidade e Crescimento surgiu a Proposta de Orçamento de Estado já para 2011 feita em 23 de Setembro do corrente ano. Apesar dos especialistas em Ciência Política e em Economia terem os mesmos conhecimentos científicos, aprendidos na mesma sebenta e mesma Universidade, nunca estão de acordo, e aí é que reside a riqueza da democracia e o aperfeiçoar de ideias para a evolução dos povos, que tão arredia tem andado deste País.

Estamos a assistir ao regresso às aldeias e ao amanho das pequenas hortas de família que foram, em tempos, o garante de autonomia em vários produtos que eram bem mais fáceis de adquirir nas estantes dos supermercados.
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Esta crise só tem contribuído para a destruição de valores morais, patrimoniais e ambientais. É urgente que o exemplo venha de «cima» ou então estamos sujeitos a convulsões muito sérias e que acabam em violência como já está a acontecer, por exemplo, na Grécia.
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Armando Jacob - Candidato em Processo de RVCC de nível secundário

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