segunda-feira, 27 de abril de 2009

Medicamentos, instituições, interesses e direitos

Não fora a iniciativa da ANF de incentivar as farmácias a trocar os medicamentos de marca, prescritos pelos médicos, por medicamentos genéricos e continuaríamos a perguntar-nos uns aos outros porque não conseguimos aumentar neste nosso país a quota dos genéricos como acontece em outros países da Europa.
Pois é, a guerra está instalada! Há até quem fale em guerras económicas e grandes interesses entre grupos de pressão. No cenário encontram-se a ANF, a ordem dos Médicos, a Ministra da Saúde, o Infarmed, os medicamentos de marca, os medicamentos genéricos, e nós, nós os utentes, os que pagamos os medicamentos
Prezo muito a sociedade democrática onde vivo e portanto defendo que todos sem excepção devem ser protegidos nos seus direitos. Assim sendo, chegou a hora de nos darem a liberdade e o direito de escolher o medicamento que vai ser incluído no nosso tratamento.
O Infarmed (autoridade do medicamento), autoriza a venda dos medicamentos genéricos conferindo-lhe o seu valor terapêutico; nas farmácias existem medicamentos de marca e genéricos; os genéricos são mais baratos; o país está em crise; os portugueses têm menos dinheiro…. Então só falta mesmo é darem-me a mim a liberdade e o direito de escolher entre um medicamento caro e um medicamento genérico, muito mais barato e onde a comparticipação do Estado continua a estar assegurada.
Acredito que a alteração da lei sobre prescrição de medicamentos vai acontecer em breve!
Manuel Joaquim Esteves (adulto em processo de RVCC - NS)

3 comentários:

manuela disse...

Boa Noite!
-Será que vale a pena correr o Risco?
È verdade que os medicamentos genéricos são mais baratos, no entanto alguns utentes, nomeadamente; os idosos, os doentes de psiquiatria, entre outros, que usam o medicamento de marca já algum tempo, poderão correr o risco de estarem-se a automedicarem-se, porque estão habituados a um determinado medicamento, conhecendo-o (pela embalagem, forma e cor do comprimido), podendo agravar a saúde do utente, tornando-se ainda mais dispendioso para este.
No meu ponto de vista, o médico é a pessoa mais indicada para prescrever o medicamento.
Como diz a sabedoria popular, por vezes: O Barato sai Caro!

Regina Apóstolo disse...

Boa tarde
Relativamente ao artigo sobre os genéricos, apresentado pelo meu colega “Manuel Joaquim Esteves”, ocorre-me o seguinte comentário:
Se a iniciativa da ANF (Associação Nacional das Farmácias) fosse credível, a mesma entidade não teria voltado atrás. Essa iniciativa durou apenas uma semana pois não tinha condições para continuar. A ANF convidou os seus associados, as farmácias, a convencer os utentes a comprar um genérico em vez de um medicamento de marca, porque tem grande interesse económico nesta matéria. A ANF é detentora de grande parte do capital social de uma multinacional a operar no nosso mercado. A ANF não se pode sobrepor ao MS-Ministério da saúde. Este ministério teve de anunciar que não pagaria às farmácias a comparticipação das receitas onde se verificasse a substituição em auto-gestão de um medicamento de marca por um genérico.
É certo que os medicamentos genéricos são em regra mais baratos, mas a prescrição cabe ao médico em sintonia com o doente. A farmácia terá de fornecer o utente em função da receita médica que lhe é exibida.
Enquanto não surgir legislação no sentido da prescrição DCI-Denominação Comum Internacional, este problema manter-se-á.

Anónimo disse...

Boa noite!
De um modo geral, sou a favor dos genéricos. É claro que existem muitos interesses económicos e até politicos em torno deste assunto, mas como já foi comentado aqui, se as farmácias não tivessem interesse não teriam feito tanta pressão junto dos utente para estes preferirem os genéricos; por outro lado, se os médicos não tivessem também interesses não estariam tão teimosos em usar os medicamentos originais.
Concluindo, acho que a medida agora anunciada pelo Bastonário da Ordem dos Médicos que propõe que seja usado só um genérico por cada molécula e que o Estado compre esse genérico para ser distribuído nos hospitais e centros de saúde, é uma medida aceitável e vem ao encontro a minha opinião: usar sempre genéricos, até que cientificamente não seja provada a sua ineficácia!
Mesmo assim, deixo a ideia que o utente tem o direito de escolher livremente se quer usar ou não genéricos, mesmo que escolha mal.

Rui Geraldo