quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Profissional de RVC é um facilitador de aprendizagem

A aprendizagem autodirigida possui, de facto, uma particular importância nos dias de hoje, caracterizados pela constante mudança e exigência aos níveis social, tecnológico, científico, entre outros. Cada vez mais, cada um de nós deverá ser capaz de traçar projectos de vida, escolhendo e redefinindo, sempre que necessário, estratégias para a sua consecução. Nesta caminhada é necessário realizar aprendizagens, umas com mais autonomia que outras, promotoras de mudança. O profissional de Reconhecimento e Validação de Competências, pode contribuir para a mudança dos adultos com quem trabalha, quer ao nível da sua auto-estima, portanto, na mudança da perspectiva de si próprio, quer ao nível do reconhecimento e/ou fortalecimento de competências e da capacidade de perspectivarem e planificarem projectos para o futuro. Estes técnicos norteiam a construção de Portefólios que são espelhos de vidas dando reforço positivo, incentivando a melhoria da narrativa e da reflexão crítica, no fundo, ajudam cada adulto a construir o seu puzzle, a reviver e a reconstruir a sua vida e a atribuir-lhe novos significados! São, como não podiam deixar de ser, facilitadores da aprendizagem.

Segundo o modelo humanista, o facilitador deve tornar o processo educativo pessoal e único. Os profissionais de RVC fazem-no com recursos a sessões de atendimento individuais, que complementam as sessões de grupo, nas quais, em conjunto com os adultos, exploram a sua História de Vida, à luz do Referencial de Competências-Chave. Todas as Histórias de Vida são diferentes e únicas e a sua exploração também o terá de ser para que seja feito um verdadeiro Balanço de Competências.

Construir um Portefólio Reflexivo de Aprendizagens implica que os adultos descrevam o seu autoconhecimento e a forma como o adquiriram/desenvolveram. Para que esta tarefa seja bem sucedida é necessário que acreditem e tenham consciência do valor das suas experiências e do saber delas resultante, o que nem sempre se verifica. A falta de autoconfiança pode, portanto, ser prejudicial ao adulto num processo de Reconhecimento e Validação de Competências e, neste contexto, a valorização das experiências de cada adulto e a sua aceitação incondicional, pelo Profissional de RVC, é fundamental.

Considero que um dos grandes desafios que se colocam aos profissionais de RVC consiste em compreender os adultos com quem trabalham tendo em conta o seu contexto. Trata-se, também, de conseguir estabelecer empatia com os adultos e antecipar dificuldades, criando um ambiente protector, de suporte, tolerância a aceitação. Isto só pode acontecer se os profissionais de RVC e os formadores das áreas de competências-Chave se conhecerem verdadeiramente e se afastarem de qualquer estatuto que lhes confira autoridade. Quando isto se verifica, os adultos sentem-se à vontade para solicitar apoio e apresentam maior motivação para a construção do seu Portefólio pois sabem que não há lugar nem para o julgamento nem para a penalização.

O profissional de RVC desempenha um papel fundamental na equipa técnico-pedagógica pois é ele quem orienta e dinamiza o trabalho dos formadores através de sessões de trabalho para o efeito. É um elemento fundamental pois conhece os candidatos na sua plenitude e o caminho que percorrem na construção e reconstrução da sua História de Vida e, por isso, em conjunto com os formadores, é capaz de desocultar competências e apoiar todo o percurso até à certificação.

O profissional de RVC tem um papel crucial na desocultação de competências mas deve confiar na capacidade dos adultos de se responsabilizarem pela construção do seu Portefólio. Naturalmente, uns necessitam mais do seu apoio, da sua presença e feedback devido à sua insegurança, ao seu baixo nível de autonomia ou, até por vezes, devido à necessidade de atenção; outros, recorrem a ao profissional, essencialmente, para clarificar as etapas do caminho a percorrer pois são criativos, independentes, corajosos (é necessário ter coragem para reviver a sua vida e partilhá-la com os outros!). Ora, um dos seus principais objectivos é promover o reconhecimento e até a aprendizagem autodirigida de quem apresenta lacunas a este domínio. Não é fácil e nem sempre se consegue fazê-lo, principalmente junto daqueles que reclamam pelos métodos tradicionais, “no meu tempo é que se aprendia a sério!”. No entanto, é possível verificar numa parte dos adultos um crescimento admirável, quer nos níveis de autonomia, que normalmente acompanha a crescente confiança em si próprios, quer na capacidade de perspectivar mudanças e estratégias para as alcançar, ao longo de um processo de RVC. Este crescimento é, normalmente, também constatado pelos adultos e impulsiona-os a continuar a investir em si próprios.

VC - Profissional de RVC de nível secundário

Imagem disponível online em
http://www.bibletimelines.org/

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