segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Da arte de semear...

A 21 de Outubro, pelas 20 horas, na Biblioteca Escolar, leu-se como gente grande, numa tertúlia literária, a propósito dos «Contos da minha infância», actividade integrada no Projecto Novas Oportunidades a Ler+, dinamizada pelo CNO e pela BE.


Fomos chegando, devagar, repousando os olhos nas lombadas dos livros, nas mesas em que se ofereciam ao olhar toalhas, pétalas, em jeito tradicional de bem receber; e chávenas, a pedir chá quente e bolinhos, para acompanhar a palavra, ao som de fundo musical doce, a preparar o apetite para os contos.
Infantis, de adultos, clássicos universais, de autor, tradicionais, populares; de língua portuguesa, pelo mundo fora. Contos. Daqueles que ficaram na memória ou no livro guardado há tantos anos: 47 - disse a Professora Helena – uma prenda de quando tinha 10...
Ou daqueles que se procuram e redescobrem, trazendo-nos ao presente a pátria que nos viu meninos – S. Tomé e Príncipe, Angola... – ou ainda a aventura da viagem – Brasil...
Num misto de inibição e prazer, já todos acomodados, ouvimos A Princesa e a Ervilha, de Hans Christian Andersen, ou o conto do menino que já sabia escrever, de S. Tomé e Príncipe.
Encantámo-nos com aquela história divertidamente angolana, saboreando a piscina de Benguela, cheiinha de Coca-Cola (e não de Tang!!!), chewing-gum e outras delícias de fazer arregalar a gulodice menina e gargalhar a imaginação.
Foi, então, a vez de um conto literário de autor, brasileiro, o da menina cruel, filha de dono de livraria, e do valor do livro, dos vários papéis que assume, ao gosto da necessidade e do feitio do leitor.
Em Conhecimento, sabedoria e capacidade, recolhido por Adolfo Coelho, rimo-nos da vergonha do Padre, do Juiz..., assim despidos da hipocrisia instituída e expostos ao olhar público, ao riso edificante.
Moral da(s) história(s)?
Há que repetir. Continuar a semear. No Natal ou noutra data, ao jeito da imaginação daqueles que gostam da palavra dita, que se deixam enfeitiçar pela arte do contador, que enchem o coração do mimo quente do conto, em sala partilhada, pressentindo a chuva lá fora, um pouquinho antes de recolherem ao ninho, para adormecer e sonhar. Como quando éramos meninos.

Sandra Galante - Formadora de LC/CE



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